Histórias de motoristas, comerciantes e produtores revelam o impacto direto da obra após décadas de espera
Produtores rurais, motoristas e comerciantes da região Sudoeste de Goiás comemoram a retomada das obras de pavimentação da GO-178, em Jataí, no trecho que liga a BR-364 a GO-306. A rodovia, fundamental para o escoamento da produção agropecuária e para o deslocamento diário da população, volta a receber intervenções após a suspensão temporária por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Com a retomada, histórias de quem vive há anos às margens da estrada ganham novo significado.
A motorista do transporte escolar Andressa Pereira de Assis percorre diariamente 150 quilômetros levando 24 crianças do distrito de Naveslândia até a escola, um desafio constante entre poeira na seca e lama nas chuvas. Para ela, a obra representa segurança e dignidade.
“A chegada do asfalto vai trazer muito mais segurança para levar as crianças do distrito de Naveslândia, às margens da BR-364, até a escola. A gente enfrenta muita poeira no período da seca e muita lama quando está chovendo, por isso é muito bom saber que tudo isso vai acabar”, pontuou.
Ela reforça a responsabilidade de seu ofício. “É um trabalho de muita responsabilidade, são 24 crianças, 12 em cada turno, a gente precisa ter a certeza que vamos sair de casa e voltar com segurança.” A retomada trouxe alívio imediato. “Foi muito bom ver as máquinas trabalhando novamente”.
Entre os produtores rurais da região, Fernando Freitas, que há anos convive com as dificuldades da GO-178, descreve os impactos diretamente vividos em sua rotina.
“Eu já fiquei dias sem conseguir sair da fazenda por causa da lama. Perdi entrega de leite, tive prejuízo com insumos que não chegaram e já tive que ligar para funcionário voltar para casa porque o carro não passava”, relatou.
Segundo ele, a retomada das obras reacende uma expectativa antiga. “A pavimentação não é conforto, é necessidade. Isso garante que a gente consiga trabalhar, entregar e produzir. A gente precisa dessa estrada para viver.”
O comerciante Alex Borges, dono de um restaurante no entroncamento da GO-178 com a BR-364, também sentiu a diferença entre a frustração da paralisação e a retomada das máquinas.
“Quando parou, pegou a gente de surpresa, foi como um balde de água fria, mas agora nós estamos animados novamente”, afirmou. A região, que recebe grande fluxo de caminhões carregados de soja, milho e gado, depende diretamente da estrada. “Tudo é escoado pela GO-178, são armazéns e grandes empresas que dependem da rodovia. E também nós que vendemos coisas na beira da estrada. Então é benefício pra todos, né?”, completou.
O comerciante e produtor rural Aluísio Assis de Carvalho, há quase meio século convivendo com a estrada precária, reforça que o asfalto é uma demanda histórica.
“Estamos sofrendo há 49 anos com essa estrada desse jeito. Com o asfalto temos a esperança de poder ter mais conforto e menos prejuízos com o deslocamento”, disse. Para ele, soluções paliativas são insuficientes. “Fazer cascalhamento ajuda, mas por melhor que seja feito, acaba tudo em 60 dias.”
As obras da GO-178, assim como as da GO-180, GO-461 e GO-147, foram retomadas após o ministro Alexandre de Moraes esclarecer a decisão liminar que havia suspendido temporariamente as intervenções. A execução é feita pelo Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária em Goiás (Ifag), entidade vinculada à Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), em parceria com o Governo de Goiás, por intermédio da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) e da Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra).
O presidente do Ifag, Armando Rollemberg, afirma que a suspensão afetou a data de entrega, mas garante que o ritmo será intensificado.
“A paralisação comprometeu o cronograma previsto para novembro, mas o nosso compromisso é dar continuidade até a conclusão dos trabalhos”, estima. Segundo ele, as equipes executarão etapas essenciais para recuperar o tempo perdido. “Vamos priorizar a construção de bueiros, cercas e limpeza de trechos, preparando a área para terraplenagem, compactação e pavimentação final”, sublinhou.
Para Rollemberg, a parceria entre setor público e setor privado é essencial para garantir eficiência. “Esse modelo de parceria reduz entraves burocráticos e permite a execução eficiente das obras, por isso estamos confiantes na conclusão da rodovia no segundo semestre de 2026”, prevê.
Com histórias como as de Andressa, Fernando, Alex e Aluísio, a pavimentação da GO-178 mostra que infraestrutura vai além do concreto: representa segurança, redução de prejuízos, valor econômico, dignidade e a chance real de desenvolvimento para quem vive, produz e trabalha na região.